quinta-feira, 10 de março de 2011

Uma definição de ...

1. GEOGRAFIA – A Geografia é uma ciência que busca entender e explicar as relações das sociedades (e destas entre si) no processo histórico e social de apropriação [palavra importante que significa “tornar próprio ou tomar para si”] da natureza. Ao apropriar-se da natureza a humanidade cria territórios e transforma o ambiente natural, adequando-o às suas necessidades, produzindo aquilo que chamamos de espaço geográfico. Assim, sendo o espaço geográfico um espaço que é apropriado pelo Homem, resulta deste fato a criação não apenas de territórios, mas de paisagens (artificiais) específicas. Assim a Geografia interessa-se especialmente pelo espaço geográfico.


2. ESPAÇO GEOGRÁFICO – É um espaço humanizado, transformado pelo Homem, no qual coexistem elementos naturais e artificiais e onde se dão relações sociais e econômicas que afetam o meio natural. Note-se que, alterado o meio natural (a natureza), existem conseqüências que acabam por interferir na vida humana. (Um exemplo atual é o chamado “aquecimento global”.) Assim o espaço geográfico é dito um espaço híbrido, natural, artificial, social e econômico ao mesmo tempo. Entender como ocorrem historicamente (ao longo do tempo) essas transformações do meio natural (da Natureza) e quais são as consequências desse fato para o Homem constitui um dos objetivos da Geografia. Entender ou pensar o espaço geográfico (ou simplesmente o “espaço”) supõe considerar um campo de interrelações entre a NATUREZA [o relevo, o clima, a vegetação, os recursos naturais ...], a SOCIEDADE [hoje, dos diferentes países] e a ECONOMIA [o trabalho, as atividades econômicas, o uso dos recursos naturais e o capitalismo].

3. PAISAGEM – É o espaço que pode ser captado pela visão, sendo formada por formas e objetos. Na verdade a paisagem é um conjunto de formas que, num dado momento, expressam as relações do homem com a natureza e, claro, da(s) sociedade(s) com aquele espaço ou lugar. Paisagem e espaço geográfico não são sinônimos. A paisagem é um conjunto de formas e objetos (naturais [como uma floresta parcialmente desmatada] ou artificiais [uma cidade ou uma plantação de soja]) resultantes das ações humanas sobre o espaço. A paisagem é o visível, são as formas que constituem um lugar. O espaço geográfico são as formas mais as ações humanas (o movimento, a vida) que ocorrem naquela paisagem.


4. TERRITÓRIO – No sentido social, econômico e geográfico, é um espaço delimitado e apropriado por um grupo social e sobre o qual esse grupo exerce algum tipo de poder ou controle. Os territórios são espaços delimitados com os quais um grupo social (uma sociedade, uma etnia) mantém relações de poder e controle, mas também relações de afetividade e identidade (uma identificação com aquele espaço específico). Na síntese, é um espaço sobre o qual alguém (uma pessoa ou um grupo) tem poder. Assim, analisar um território significa pensar não apenas os seus limites, mas: “o que contém aquele território [recursos naturais e humanos]?” e “quem domina ou influência quem, e como, naquele território?”.


5. LUGAR – Uma definição de lugar é a deste como o espaço onde se dão as relações sociais e econômicas cotidianas e rotineiras. Trata-se de um local definido pela subjetividade (por questões de cunho pessoal e particular) e pela identificação (ou identidade) com aquele espaço (então, um lugar), como, por exemplo, o país, o estado, a cidade, o bairro ou a rua em que nascemos ou moramos.


6. REGIÃO – Região é um espaço delimitado a partir de critérios (características) que se definem subjetivamente. Estes critérios podem ser os mais diversos, como o idioma, a religiosidade ou mesmo alguma característica natural. Assim podemos regionalizar a África pelo critério religioso, identificando no norte do continente uma “região islâmica” ou, no Brasil, uma região amazônica, caracterizada pela presença da floresta Amazônica. De certo modo, determinar uma região (regionalizar) significa identificar uma qualidade ou característica que é predominante em um determinado espaço, que então é delimitado, “criando” uma região.


7. ESTADO-NAÇÃO – Esta expressão binomial (“que une dois termos”) geralmente é referida simplesmente como Estado (com “E” maiúsculo) ou ainda como Estado Nacional (então sem hífen). Os Estados-Nações são uma forma de organização social, política e econômica de um território e que surgiu a partir da Europa entre os séculos XV e XVI. No entanto os Estados-Nações somente se tornaram a forma dominante de organização do espaço geográfico no século XIX (anos 1800 em diante). Os primeiros Estados-Nações merecedores do termo foram Portugal, Reino Unido, França e Estados Unidos. Estruturalmente o Estado-Nação é formado por um território, um governo centralizado e uma população. A parte da população nascida naquele território estatal é denominada de Nação. Do termo Nação deriva o conceito de “nacionalidade”, que significa pertencer a uma nação. Nacionalidade, então, tem o sentido de uma identidade específica, ligada a uma história e a um conjunto de valores próprios de um grupo social. Resumidamente, ao falarmos em Estado, estamos nos referindo à organização política de um território e ao falarmos em Nação estamos nos referindo à identidade nacional de um grupo de pessoas que se reconhecem e dividem uma mesma história. Assim, cabe lembrar que os Estados podem conter uma única Nação ou várias Nações (quando então são denominados de Estados multinacionais ou multi-étnicos). O Reino Unido da Grã-Bretanha é um destes casos. O Estado britânico é composto por quatro nacionalidades: ingleses na Inglaterra, escoceses na Escócia, galeses no País de Gales e irlandeses na Irlanda do Norte; o que difere este país do Brasil ou do Uruguai, onde todos são brasileiros ou uruguaios. Por fim devemos ressaltar que como forma de organização política de um território os Estados (como o Brasil) geralmente adotam um organização espacial composta por diferentes unidades: o estado (como o Rio Grande do Sul), os municípios (como Porto Alegre), que são, no caso brasileiro, a menor unidade administrativa do território nacional e o bairro, que é uma subdivisão municipal.


8. ESCALAS GEOGRÁFICAS – A abordagem da Geografia sobre o espaço geográfico geralmente acontece a partir de diferentes escalas geográficas (não confundir com escalas cartográficas). As escalas geográficas (escala local, regional, nacional, continental, planetária ou global) são formas de repartição do espaço considerando o grau de conseqüências que possuem os fatos. Uma guerra civil seria um exemplo de fato. Assim a escala local normalmente se refere ao âmbito municipal ou da cidade onde acontecem as relações mais cotidianas. Depois temos as demais escalas: a regional (referindo-se a uma região), a nacional (um país ou Estado-Nação), a continental (um continente inteiro) e a planetária ou global (todo o planeta). A importância das escalas geográficas está nas relações que se dão nelas e, muito importante, entre elas. Assim existem fenômenos nacionais que podem ter conseqüências regionais (em vários países) ou até globais. Um exemplo, como colocamos, seria uma guerra civil (um fato em si de escala local ou nacional). Por conta da guerra pessoas procuram segurança fugindo de um país para outro, onde se tornam refugiados. Esses refugiados tornam-se “um problema” para o país que os recebe... Assim tal guerra deixa de ser apenas um fato “nacional” e passa a ser também “regional”, pois afeta diversos países da região.


9. CAPITALISMO – O capitalismo (ou modo de produção capitalista) é “um sistema econômico e social baseado na propriedade privada dos meios de produção (terras, máquinas e outros equipamento indispensável para a fabricação de mercadorias), [NO CONTROLE DOS RECURSOS NATURAIS,] na organização da produção visando o lucro e empregando trabalho assalariado.”. Surgiu na Europa a partir do início do século XVI na forma mercantil (capitalismo mercantil ou mercantilismo). A partir de 1760 entra em sua fase industrial com a Primeira Revolução Industrial na Europa (Inglaterra), quando surge o trabalho assalariado no sentido que conhecemos e tomando a forma atual.



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