sábado, 12 de março de 2011

espaço

O ESPAÇO GEOGRÁFICO
Orlando Albani

A história e a geografia da Humanidade bem poderiam ser resumidas pela história das relações entre sociedade e natureza, ou, ainda, pela execução de um projeto humano de “libertação progressiva em relação aos diferentes tipos de coações e de constrangimentos que limitam a experiência humana tradicional e, sendo a experiência determinada pelos quadros do espaço e do tempo, é em relação a esses quadros que o homem moderno pretende, antes de mais, libertar-se” (Rodrigues, 2001: 49 - cf. Lugar global e lugar nenhum)
Para libertar-se das coações do tempo e do espaço, entretanto, foi preciso relacionar-se com elas, o que significou, na prática, em relações com a natureza natural da Terra, ou, em outras palavras, com a natureza exterior ao homem. Entraram aí as diversas técnicas desenvolvidas pela humanidade para relacionar-se com o tempo e o espaço, com a natureza e, claro, com as sociedades que a compõe, que é o campo das relações que os homens instituem entre si mesmos. Técnicas – em seu sentido amplo – como a agricultura (que possibilitou o sedentarismo e o surgimento de cidades), a indústria, a navegação, as ferrovias, os automóveis e a comunicação (telefonia, televisão, satélites, internet) tornaram-se, enfim, a principal forma de relação dos homens entre si e, logicamente, destes com a natureza. Para Milton Santos (Santos, 1997: 25 - cf. A natureza do espaço)

a principal forma de relação entre o homem e natureza, ou melhor, entre o homem e o meio, é dada pela técnica. As técnicas são um conjunto de meios instrumentais e sociais , com os quais o homem realiza sua vida, produz e, ao mesmo tempo, cria espaço” [...geográfico].

Uma das definições mais simples de “espaço geográfico” é a deste como um espaço produzido (portanto guardando em si um projeto e uma racionalidade especifica) através de relações entre homem e natureza. Mas o produto deste relacionamento foi a progressiva humanização da natureza, com as conseqüências geográficas e ecológicas que, nos meados do século XX, convencionou-se denominar questão ou crise ambiental. Aquecimento global, depleção (“buraco”) da camada de ozônio, poluição atmosférica e hídrica, escassez de recursos naturais diversos devido a sua péssima utilização, extinção de espécies, pobreza, violência urbana... enfim, uma longa lista de efeitos negativos de tal “relação” que “se não forem remediados, no limite, ameaçam (...) [a] vida” na Terra (Guattari, 1995: 7 - cf. As três ecologias).

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