sábado, 25 de julho de 2009

Novamente a ética e a técnica

Em que lugar colocamos a ética? Embaixo do tapete? Toda técnica, hoje, deriva, de algum modo, da ciência. As tecnologias são desdobramentos de produções científicas. Muitas vezes de uma produção paga por atores capitalistas que desejam uma nova técnica que maximize seus lucros ou que reduza a concorrência. Então vamos novamente para o nosso mantra: a ética deve intermediar o caminho do que é possível cientificamente para o que é possível tecnicamente. Ou seja: antes de um conhecimento tornar-se uma técnica, deve passar pelo crivo da ética. É como já disse (que disseram) aqui: "Se a ciência trata do que é [possível fazer], a ética tem por objeto o que deve ser [feito]" (ver: Ética econõmica e social. Arnsperger & Van Parijs. - SP: Loyola, 2003). Vamos colocar cada coisa no seu lugar.

"A geografia não é uma ciência exata"

Li ou ouvi, só não sei mais dizer onde ou quando, que "a Geografia não é uma ciência exata". Claro que a geografia é uma ciência humana. Humana e física ao mesmo tempo. O humano e o físico são uma coisa só (sem nenhum determinismo). Não preciso repetir que história e espaço caminham juntos, porque muitos já o disseram. Mas a frase é de uma simplicidade fantástica e que vale ser lembrada, principalmente para aqueles que, como eu, teimam em colocar o humano na frente do físico.

A água que nos une é mesma que nos separa

Leio, por acaso, em Bachelard [A água e os sonhos. SP: Martins Fontes, 2002.] que "(...) a água ... ela une e desune...". Curioso, pois Milton Santos diz algo muito parecido, "o espaço que nos une é o mesmo que nos separa". Santos não escreveu exatamente assim, mas foi o que ele quiz fazer entender. O espaço une e desune. No caso da construção de barragens no Brasil, de fato, a água (dos rios) que unia as comunidades, acabou por ser o mesmo elemento que levou à sua separação (desterritorialização).