sábado, 23 de outubro de 2010

Homem-máquina

Seremos nós, no futuro, as próteses orgânicas das máquinas?
Orlando Albani de Carvalho - Professor [Geografia]


As técnicas e as tecnologias desenvolvidas pelo homem sempre objetivaram a adequação da natureza às necessidades humanas. As técnicas são tão antigas quanto a humanidade. Mas o olhar técnico sempre se voltou para a natureza exterior, fora do homem. Hoje, no século XXI, a humanidade atingiu a possibilidade de não apenas transformar a natureza exterior, mas também o próprio corpo do homem. Depois de ter criado uma segunda natureza por meio de uma série de artificializações do espaço, chegou a hora do homem artificial, do homem-máquina. Já não vivemos mais sem uma série de próteses a um bom tempo. O computador é uma destas próteses sem as quais já não nos imaginamos sem. A técnica, que já tornou-se o nosso meio, agora se volta para o próprio homem. Já somos, de certo modo, maquínicos (pense na sua inseparabilidade de certas máquinas: o carro, o celular, o computador).  Como será o futuro? Que novas próteses surgirão? Ou nos tornaremos (NÓS!) as próteses orgânicas das máquinas? Com Freud não devemos esquecer que jamais dominaremos completamente a natureza (sem dúvida uma frustração para a humanidade e especialmente para o capitalismo). A economia globalizada, capitalista e neoliberal (e irresponsável [para não dizer criminosa] com as gerações futuras), baseada na utilização maciça de energia e outros recursos naturais em quantidades crescentes (como pretendem que sejam os lucros dos capitalistas [sempre maiores!]), em níveis que podem chegar a esgotar a capacidade de resiliência do planeta, colocou-nos, possivelmente, em uma situação sem retorno: o aquecimento global e as mudanças climáticas, de consequências imprevisíveis, especialmente para os menos adaptáveis, os pobres dos países subdesenvolvidos. A natureza não é coisa que se possa querer dominar. 

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