quarta-feira, 24 de junho de 2009

Técnica e ética

A ética desvinculou-se da técnica. Aliás, bem mais correto, a técnica separou-se da ética. É pela ética que decidimos se devemos ou não realizar uma técnica. Não é papel nem da ciência, nem da técnica resolver tal questão. A ciência e a técnica são da ordem do fazer. É no campo da ética que se deve refletir sobre as razões para fazer ou não fazer alguma coisa. Assim, a solução dos problemas do presente não serão encontrados nem na ciência, nem na técnica, porque estas são totalitárias e hegemonizadas pelo poder oligopólico. A solução está na ética, na ética acima da ciência e da tecnologia. Vivemos a "idade da técnica" (v. U.Galimberti), separados da ética. Precisamos repensar nossas relações com a natureza e, sem dúvida, nossas próprias relações humanas. Os jornais noticiam que já são mais de 1 bilhão os desnutridos ou subnutridos do mundo, a maioria na África e na Ásia. Longe de nós? Nem tanto. A globalização não fez o mundo parecer menor? A África é aqui e a Ásia também. Não há falta de alimentos no mundo ou da possibilidade de produzi-los em quantidades suficientes para o dobro da população mundial. Mas sobra ganancia. Não se produz comida, somente commodities. "A gente não quer só comida", a gente quer um pouquinho de ética também ou, para ser bem sincero, um pouco de vergonha na cara. Estamos, novamente, a esperar que alguma nova técnica ou tecnologia venha para resolver os problemas ambientais, o aquecimento global, a fome... Estamos procurando no lugar errado, de novo. Não é a ciência e nem a tecnologia que vai resolver nossos tantos problemas.

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